Entre a vaia e o aplauso dos festivais - Tambo do Bando


Entre a vaia e o aplauso, o Tambo do Bando habitou os palcos dos festivais nativistas pelo Rio Grande do Sul afora em um período de quase dez anos. Sagraram-se campeões na arte de inovar e transgredir os regulamentos que tolhiam a criatividade do compositor e do músico gaúcho.

Desde o lançamento dos dois discos da carreira, em 1990 e 1992, e a morte do letrista Luiz Sérgio Jacaré Metz, o grupo andou sumido do circuito de festivais. Mas seus integrantes não deixaram de se unir esporadicamente. Até figuraram em uma campanha publicitária dos celulares TIM no ano passado.

No dia 29 de novembro de 2006, eles estiveram em Passo Fundo para um show que marcou o lançamento do livro “Terra Adentro”, que tem como co-autor seu saudoso letrista. O Tambo do Bando apresentou-se com formação de palco original: Beto Bolo, Leandro Cachoeira, Marcelo Lehmann e Texo Cabral. Faltou apenas Vinicius Brum.

A característica forte do Tambo do Bando é a combinação híbrida de nativismo com influências universais, como rock e MPB. Suas letras, arranjos e melodias, que não se enquadram nos conceitos conservadores reproduzidos nos festivais, formam uma estética musical sul-rio-grandense não identificada com o Tradicionalismo, mas ainda assim regional.

O período em que ele surgiu e permaneceu na cena cultural gaúcha teve início na metade dos anos 1980, até a suspensão de suas atuações em 1993. Na época, vivia-se a efervescência do regionalismo, com a promoção de praticamente um festival de música por final de semana, em todos os cantos do estado.
O grupo sempre esteve a frente de seu tempo. Enquanto iniciava a dinamização das trocas culturais na chamada pós-modernidade, uns retraíam-se em torno de tradições. Outros colavam com super-bonder o xucrismo à guitarra, o que em alguns casos podia ser até prejudicial à saúde. Já o Tambo do Bando, assim como artistas de vanguarda como Vitor Ramil e Bebeto Alves, partiu para a chamada hibridização das culturas e criou algo aclamadamente novo. O grupo pode ser enquadrado em uma tendência latino-americana, da reação criativa frente ao mercado de bens culturais e às tradições, assim como Ataualpa Yupanqui, chegando hoje a Jorge Drexler.

Luiz Sérgio Jacaré Metz, falecido em 1996, foi o grande idealizador estético-ideológico do Tambo. O letrista abordava nas letras temas como dilemas da existência e reforma agrária, que se contrapunham ao estereótipo gauchesco disseminado pelo Tradicionalismo e pelo Nativismo. Ele contribuiu para a arte do estado não apenas na música, mas na literatura, retratando o Rio Grande do Sul fora dos moldes tradicionais em seu romance “Assim na Terra”, editado pela Artes e Ofícios em 1995.

Já em livro lançado pós-morte, em 2006, Jacaré contribui com textos escritos em conjunto com os amigos e parceiros de jornada, Pedro Luiz Osório e Tau Golin, além de ensaios individuais. No novo “Terra Adentro”, o espírito reflexivo do intelectual mantém-se ao versar sobre uma viagem a cavalo pelo interior do Rio Grande do Sul em 1980. A eterna busca do sul, quase uma obsessão em vida, se propaga 10 anos após a morte do artista e chega a novos públicos interessados em pensar o ser regional em tempos de globalização por estes pagos do fundo do quintal do Brasil.

Comentários

  1. Adoro teu Blog, relembrar o Tambo do Bando é tudo de bom, adoro eles, era muita amiga de Sergio(jacaré) a aniversário dele é dia 02/07 era do signo de Cancer,e não 3 de junho, pode confirmar com a Maro ou Pedro Metz. Bjs vou continuar te seguindo. rsrsrsrs

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