História regional da infâmia

Juremir Machado da Silva lança hoje em Porto Alegre o livro “História regional da infâmia, o destino dos negros farrapos e outras iniqüidades brasileiras, ou como se produzem os imaginários” (L&PM).

Segue trecho da coluna do autor no jornal Correio do Povo, sobre o lançamento:

"É mais uma obra de escritor maldito. Muitos não compreendem esse conceito. Mas ele é simples: maldito é aquele que mesmo andando pela centro, sendo cumprimentado, está à margem. Malditos provocam discussão. Pelas costas. Livros como o meu, ou como os de Tau Golin, Mário Maestri e Moacyr Flores, produzem raiva e cada vez menos embate público. Na Europa e nos Estados Unidos, o debate se impõe. Somos mais espertos: agimos em duas frentes. Numa, pede-se a cabeça. Na outra, estabelece-se o silêncio que asfixia. Nossa história mais conhecida pelo grande público é feita por militares aposentados e por folcloristas que nunca se aposentam.

Na universidade, porém, a desconstrução dos mitos é moeda corrente. A doutoranda Daniela Vallandro está preparando na UFRGS uma bela tese sobre os negros na Revolução Farroupilha. Um dos álibis mais comum para justificar o passado é o de que os valores de então eram outros. Eram mesmo? A Revolução Farroupilha foi um movimento que explodiu num contexto de Estado de Direito. Houve processo judicial. Todos aqueles que foram lesados, tendo, por exemplo, suas propriedades invadidas ou desapropriadas, reagiram exatamente como se faria hoje, com indignação, reclamando respeito ao ordenamento jurídico e garantias constitucionais. O belicismo, certamente, era mais comum naqueles dias. As razões dos revoltosos eram tão fortes ou frágeis como as dos descontentes de hoje: uma boa causa, a injustiça, o descaso do poder central com os problemas regionais.

A Revolução Farroupilha foi um movimento de proprietários. Não era inicialmente republicana..."

Leia aqui na íntegra a coluna de Juremir Machado da Silva - 21/10/2010

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