Não estamos sós - descobrindo Kuropa & Cia em jornada pelo Mercosul



Eu estava em uma excursão pela América do Sul, em 2007. Havia saído de Passo Fundo (RS), passava por Argentina e Chile, e chegava ao Uruguai. Prato cheio pra buscar novos sons de aconchego identitário.

Já eram anos de baixar música pela internet. Mas fui buscar novidades e raridades em grandes livrarias de Buenos Aires. Com a correria de viagem turística, fui capaz apenas de me regalar discos dos consagrados Fito Paez (CD Rodolfo) e Charly Garcia (CDs Rock’n’roll e Sui Generis em vivo). Até ali.

Pois veio Punta Del Este. Eu já cansado de bater perna e precisando de horas de folga na rotina de turista, escolhi uma loja de discos para sentar e pesquisar. Em mente, os nomes de Jorge Drexler e da banda No Te Va Gustar. E uma vontade enorme de descobrir afinidades.

Acabei levando os últimos álbuns dos dois uruguaios conhecidos, sim. Mas encontrei algo especial. Desde os primeiros acordes acústicos com levada meio rock, meio latina; um sorrisão que ligava as duas pontas do fone de ouvido gigante do estabelecimento comunicava em portunhol à lojista que o brasileiro iria gastar um pouco mais naquele dia.

O libelo audível que eu pinçava ao acaso no mar de caixinhas de plástico, cheias de rock norte-americano cantado em castelhano, dava-me uma sensação de não estar sozinho no mundo. O álbum Y Qué Dirán, de Kuropa & Cia, remetia-me ao som que buscava lá na saída da jornada. Ansiava por canções regionais urbanas que parecessem sair ao natural. Sem vontade de parecer descoladas e antenadas no mainstream, nem com cheiro de arqueologia, resgate ou tributo a tradições. Simples assim.

Sin pretensión, o grupo de Montevidéo, capitaneado pelo cantautor Diego Kuroptawa, era a realização do som contemporâneo que eu imaginava que poderia existir, e que poderia representar-nos como jovens platinos dos anos dois mil. Hoje muito mais artistas estão no caminho deste labor estético, pra nossa alegria. E o líder do grupo continua em carreira solo, apesar do fim do grupo.

Leia mais sobre a jornada no link: Buscando Carlo

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